CEDRO DO MEU TEMPO, DA MINHA HISTÓRIA
PEDRO CADEIRA
Cedro, cedrinho de açúcar. De rapadura também.
Cedro surgiu na região centro sul do Estado. Há registros de que o padre Cícero, passando pela fazenda CEDRO, de João Cândido da Costa, foi acolhido pelos habitantes do local, e, no alpendre da casa grande, marco da cidade, contemplando o imenso carnaubal, disse: aqui, ainda há de surgir uma cidade. O “padim “ falou! Palavras proféticas. Nova profecia continua.
És forte e belo Cedro, como teu homônimo, o cedro do Líbano, a árvore preferida do Senhor. Ah, Cedro, que Deus dê preferência às tuas flores de justiça e aos teus frutos de paz aos teus, e a todos aqueles que de longe te buscam. Tu os acolhes com o calor do teu chão e do coração da tua gente.
Teu trabalhador, tua agricultura, tua pecuária, teu comércio, teus serviços são testemunhas vivas da coragem e da luta do teu povo.
Ó Cedro, a tua cultura! A tradicional festa do padroeiro São João Batista, o precursor; os saudosos dobrados da bandinha do sindicato nas alvoradas festivas das novenas do Santo; a procissão de encerramento do Santo padroeiro, com o seu andor carregado por piedosos paroquianos acompanhados pela multidão a pé, com cânticos sem ritmos, mas com fé, e que percorriam algumas ruas da cidade; as alegres quadrilhas juninas; os passeios da tua juventude, à noite, na praça central de enfileirados pés de fícus, buscando amores; as tradicionais vaquejadas; as corridas de cavalos; os engenhos de cana de açúcar nos teus termos, e o Natal de luz que ainda, hoje, ilumina todo coração, todo o coração.
Não saudosismo não! Memórias da minha infância, das alegrias e dores da minha adolescência, do meu tempo de estudante no Grupo Escolar, no Ginásio São João Batista, com os seus desfiles de sete de setembro, nos quais os alunos, de farda de “gala”, encantavam a multidão presente. Ah, Escola SENAI!, onde muitos jovens, da cidade, do campo, e de outros Estados até, se profissionalizavam. A Igreja presbiteriana, o Salão da Assembleia de Deus, o Centro Espírita, bem expressavam a diversidade, a liberdade e a tolerância religiosa da cidade. Lembranças, enfim, da Exportadora, da Montenegro e da Tabajara, usinas algodoeiras, até a grande inundação, com o arrombamento de grande açude do município. A barragem do desvio das águas, para a proteção da cidade, não suportou a passagem das águas daquele fatídico dia.
A estação da RVC, ponto de encontro de jovens e velhos, que se juntavam por entre as redes de trilhos para ver a passagem do trem. Não perdiam o horário, porque o sino da estação anunciava a aproximação da chegada e da saída – Fortaleza a Crato, Crato a Fortaleza, o destino diário; os vendedores de merenda e de água de quartinha, em copos, aos passageiros do trem; o tradicional depósito ferroviário, espaço de ferro velho e de conserto das Marias Fumaças; a máquina a fogo, a Maria Fumaça, que subia a ladeira com a panela fumegante, e repetia: café com pão, bolacha não, café com pão, bolacha não. Depois da lenha, da água e do fogo, veio o óleo, a nova tecnologia do tempo.
Do meu tempo, os distritos de Assunção, Jacu, Várzea da Conceição, Lagedo, Vaca Morta, Caiana, as principais comunidades que constituíam o espaço geográfico cedrense de então.
Rua da capela, rua do caldeirão, rua da divisão, alto do padeiro, alto do prado, alto do pega avoante, hoje, talvez, não tenham mais a primitiva denominação; o curral da matança, de tantos sacrifícios para as delícias das panelas do fogão a lenha.
Um conhecido caminho, dentre tantos, de ladeiras e grotas de barro vermelho, com córregos d´aguas cristalinas nos invernos, e que passava pelos sítios da pedra preta, da lisman, do Cosme Leão, dos Cadeiras; da diamantina, dos Gonçalves; do saco da telha, dos Gomes, que, dos seus pontos altos, avistava-se o famoso boqueirão de Lavras, e tantos outros caminhos, por onde passavam patas e pés que caminhavam, no dia a dia, e, sobretudo, para a feira dos sábados e da missa dos domingos.
Matriz de Cedro, Igreja de muitas portas de muitas histórias alegres e tristes, de duas janelas, mas apenas uma janela conta a História Maior, ex-janela.
Ó Cedro, cidade profética, tens uma mensagem de paz para o mundo. Esperemos pela plenitude dos teus tempos, da tua História, dos tempos de Deus. Cedro, o precursor das novas boas novas.
Do Cedro, a pedra; do Ceará, o padre Cícero; e do Brasil, o Cristo Redentor. Temos as ferramentas para sermos a Pátria do Evangelho, os herdeiros do Reino. O Santo papa João Paulo II que o diga. Este é o nosso Cedro, o nosso Ceará, o nosso Brasil. Brasil: “Grande Nação, Pátria Sublime”. Brasil, onde estão os teus frutos de justiça e de paz? FOTO DA CIDADE: Internet